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quinta-feira, 2 de julho de 2009

VAMOS COLORIR NO NINHO?

António Celso Ramalho - Juiz OBJO/COM - Presidente OBJO/FOB
Revista UCPP 2005

Nos 5 campeonatos regionais que tivemos a oportunidade de atuar como juiz e mesmo no brasileiro deste ano, a deficiência de coloração dos canários com fator vermelho foi uma observação constante.
Esse fato também foi notado e comentado por outros juizes e, na reunião técnica da OBJO realizada em 04/07/88 na cidade de Blumenau o assunto foi bastante discutido.
Alguns companheiros argumentavam que vários criadores estão colorindo os filhotes no ninho e que a pigmentação das chamadas penas infantis é inferior e por isso os pássaros apresentam deficiência de coloração. Outros apontaram a qualidade do corante ou das técnicas empregadas para colorir, como possíveis responsáveis pêlos maus resultados.
Considerando que a retirada das "penas de ninho" compromete a plumagem, principalmente dos mosaicos, favorecendo o aparecimento de cistos e de penas duras ou retorcidas, inutilizando os pássaros para os concursos e muitas vezes até para a reprodução, foi proposto que os canários com fator deveriam concorrer com as penas originais, que não são trocadas na primeira muda (remiges, coberturas primárias e secundárias e retrizes), sem colorir, como na Europa.
Como era esperado, logo estabeleceu-se uma polemica, pois inúmeros juizes foram contrários a essa proposta. Formou-se então uma comissão para estudar o assunto, para a qual fomos designados e, nesta oportunidade, queremos tecer algumas considerações e externar nossa opinião.
Estamos de pleno acordo que a retirada de penas é realmente um procedimento agressivo e aberrante, que atenta contra a fisiologia do pássaro.
Por outro lado, entretanto, não concordamos com a aceitação em concursos, de canários com fator vermelho, apresentando penas não pigmentadas, pois isso, além de dificultar a avaliação do que até onde seria realmente "pena de ninho", também comprometeria a estética do pássaro. Além disso, é preciso considerar a dificuldade de manter um filhote até a época dos concursos, sem quebrar ou perder penas das asas e da cauda, como conseqüência, com certeza, chegariam aos concursos grande número de pássaros com mescla de penas vermelhas e amarelas, gerando mais problemas de julgamento.
No hemisfério norte é certo que os canários com fator concorrem com as penas de ninho sem colorir, o que por si já é uma dificuldade a mais, pêlos motivos já considerados. Devemos lembrar também que, nesse hemisfério, o lipocromo amarelo-dourado é o preferido, contra o nosso amarelo-limão; o tamanho e a forma dos pássaros também são diferentes do nosso gosto, embora as características técnicas sejam excelentes.
Convém lembrar ainda, que se nós usarmos por exemplo, a porcentagem de beta caroteno empregada pêlos criadores europeus para colorir nossos canários, tenho certeza que o resultado não agradaria, como já foi por nós comprovado.
Cada povo com seus usos e costumes!
Assim, creio que devemos continuar aproveitando na formação dos planteis só o que os pássaros europeus têm de melhor: as características técnicas, e isso vem sendo feito, como pode ser comprovado pela melhoria da qualidade dos pássaros, especialmente dos mosaicos, em nossos concursos. Para o tamanho, forma e pigmentação é preferível continuar com os nossos costumes.
Tradicionalmente, no hemisfério sul estamos acostumados a observar a beleza do lipocromo vermelho destacando, por exemplo, as zonas de eleição dos mosaicos e, a introdução de mais uma cor, no caso amarelo ou laranja, prejudicaria a harmonia do pássaro.
Acreditamos que as desvantagens fisiológicas produzidas pela retirada de penas, ou estéticas, mantendo-se as penas de ninho sem pigmentação, podem ser facilmente superadas, empregando-se uma boa técnica para colorir os filhotes desde os seus primeiros dias de vida e mantendo-se a pigmentação até a época dos concursos, A prática nos tem mostrado que se a técnica de coloração for adequada, a diferença entre a pigmentação das penas infantis e adultas e pouco significante e, ao nosso ver, é preferível que haja uma pequena diferença de matriz ao invés do contraste gritante das penas amarelas. Além disso, a coloração mais tênue, desde que uniforme, pode ser até vantajosa no caso dos mosaicos, pois permite maior destaque do lipocromo mais vivo nas zonas de eleição.
As despesas adicionais com esse procedimento são irrisórias, pois maior número de pássaros serão aproveitados para os concursos, vendas e plantei.
Ao nosso ver, o mais importante é obedecer as dosagens de corante recomendadas pêlos fabricantes e/ou exaustivamente preconizadas por criadores experientes, amplamente discutidas em revistas especializadas e em catálogos de exposições.
Também é necessário que o criador adquira de uma só vez toda a quantidade de corante que for usar na temporada e que a administração seja regular e em doses uniformes, para evitar que os pássaros, principalmente os intensos, apresentem nuances diferentes de coloração por todo o corpo, como
observamos inúmeros casos este ano.
Por fim, é preciso ainda atentar para o veículo de cantaxantine (microesferas de gelatina, amido etc...) para eleger a melhor forma de administração.
Para melhor absorção é recomendável o uso de um veículo oleoso ao administrar a cantaxantine. Particularmente eu uso o óleo de girassol.
Acreditamos que com o emprego dessas normas simples e com um pouco mais de atenção e capricho na coloração, os pássaros não precisarão ser traumatizados com a retirada de penas e os resultados serão mais satisfatórios.
Quanto a parte técnica dos julgamentos apenas o bom senso dos juizes reavaliando os critérios quanto a uniformidade de lipocromo, solucionará o problema.

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