busca

Pesquisa personalizada

terça-feira, 4 de agosto de 2009

O FUNGO DE UNHA

Fonte: Criadouro Semear www.criadourosemear.com.br

Revista SOMA 2006



Muitos criadores de canários já tiveram a desilusăo de ver um potencial campeăo, aquele canário que se destacava na cor, de repente imprestável. Muitos juizes já tiveram o desprazer de desclassificar belos pássaros pela mesma razăo. Já julguei exposiçőes de canários em que mais de 10% dos pássaros foram desclassificados por serem portadores de micoses em dedos. Já vi fungos de unhas em pássaros em todo o Brasil mas năo nas proporçőes que ocorrem em Santa Catarina.

O fato deve ser relacionado ŕs condiçőes climáticas, principalmente ŕ umidade do ar. Uma consistente observaçăo a favor desta hipótese é que a doença é mais comum nas cidades próximas de rios e mar. É mais freqüente no fim do verăo ou do outono, mas na época, a superpopulaçăo nos criadouros é grande. É proporcionável que a doença seja transmissível, pois, é comum vários pássaros de um mesmo gaiolăo estarem contaminados.

Manifestaçăo Clínica

A doença é de difícil reconhecimento nas suas faces inciais porque o pássaro afetado só levanta a pata doente nas faces adiantadas, quando a unha geralmente está irremediavelmente perdida. O início, por vezes é caracterizado por lesőes brancas ou amarelas ou engrossamento da ponta do dedo comprometido, fatos comuns a doenças das patas dos canários. Geralmente o que caracteriza o quadro é a presença de uma lesăo verrugosa que se inicia dentro da matriz da unha e, em poucos dias, recobre toda a unha. Neste estágio a unha já está morta e năo observa-se o filete sangüíneo que a nutre. A lesăo se destaca. Em alguns casos, pode haver contaminaçăo secundária resultando em septicemia e morte do pássaro.

Diagnóstico Laboratorial

O diagnóstico de laboratório é difícil, pelo alto custo dos exames e por năo dispomos em nosso meio, laboratórios com prática em micologia ornitológica. Por analogia com o que praticamos no diagnósticos estiológico dos onicomicoses humanas, enviamos para exames micológicos, microscopia e cultura, raspando de unhas de canários doentes. Todas as amostras tiveram resultado negativo, isto é, os fungos năo eram encontrados na superfície das lesőes. Decidimos, entăo, enviar para exame histológico dedos amputados. Como os resultados foram interessantes, serviram de motivaçăo para que, embora reconhecendo nossas limitaçőes, escrevęssemos este artigo. O estudo das lâminas coradas pela técnica de hematoxilinaesina e pela técnica de Grocott (pesquisa de fungos através de impregnaçăo pela prata), mostrou processo inflamatório crônico como edema, extasia e congestăo de vasos sangüíneos e a presença de formas fúngicas em hifas curtas e blastosporos, sugestivas de Tinea verrucosum que acomete seres provocando lesőes cerucosas. Outra característica marcante é a ausęncia do filete vasculonervoso que nutre a unha. Caso o problema persista em nosso criadouro, vamos tentar a cultura do fungo na matriz do dedo amputado onde encontra-se o principal foco.

Tratamento

Quando percebemos a lesăo verrucosa recobrindo a unha, geralmente năo há mais tratamento eficaz que recupere o dedo. Os cremes e pomadas a base de imodazólicos săo pouco eficientes, pois năo alcançam os fungos que estăo localizados na matriz da unha. Os que alcançam melhores resultados săo a base de oxiconazol (oceral) e bifonazol (mycospor). Os esmaltes para uso humano, com alta concentraçăo do principio ativo, comum o usaram para unhas e o loceryl, pelas mesmas razőes, também apresentam eficácia reduzida. O tratamento que apresenta melhores resultados, embora cause espanto, é a imersăo da pata afetada em ácido sulfúrico a 50% por 20 ou 30 segundos, seguido a lavagem de água corrente. Este procedimento é inócuo, năo restitue o aspecto normal da unha, mas impede a evoluçăo.

Nas onicomicoses humanas, várias drogas usadas por via oral săo eficazes no tratamento da doença como os imidazólicos (cetaconazol, flucanazol e itraconazol), a griseofulvina e a terbinafina quando usados por meses. Nos canários, como năo conhecemos o metabolismo destes medicamentos (absorçăo, níveis sanguineos, matabolizaçăo, concentraçăo em tecidos queratinados como pelo e unhas e vias de excreçăo), torna-se difícil determinar corretamente as dosagens e o tempo de uso. Já experimentamos usar em nossos canários o cetoconazol (cetonas, nizoral) na dose de 1 gr, 5 comprimidos triturados, e o itraconazol (sporanox, itranax) 4 cápsulas de 10 mg por kg der farinhadaa seca, por pelo menos 3 meses. Os resultados curativos foram muito pobres, mas algumas unhas onde a doença estava nos estágios iniciais recuperaram o aspecto normal. É importante ressaltar, que a incidęncia de novos casos no plantel diminuiu bastante tendo o medicamento agido preventivamente.

0 comentários:

Postar um comentário